Corta, fecha, mas não toques nos “boys”
Nos últimos tempos, apesar da contestação popular e da manifesta oposição de autarcas, dirigentes, gestores e funcionários, foram anunciados mais encerramentos de serviços públicos.
O argumento é sempre o mesmo: racionalizar e poupar. Mas que racionalização é esta, que afasta cada vez mais os portugueses das escolas, dos serviços de saúde, dos tribunais e das repartições? Que coloca escolas a quilómetros de distancia, que deixa alguns concelhos sem unidades de saúde e que depois de onerar estupidamente o recurso à justiça obrigada os cidadãos a viajar de véspera para irem a um julgamento ao tribunal mais próximo?
A loucura economicista tomou conta do sistema, pois não é de agora este desnorte dos encerramentos. A análise económica deve ter em conta aspectos quantitativos, mas também qualitativos e humanos. Ora, o Governo meteu a qualidade e a humanidade na gaveta, e a quantidade dos serviços que encerra, nalguns casos, nem sequer diminui a despesa do Estado, pois essa não pára de aumentar. Que deixem de mentir aos portugueses, porque sacrifícios em vão, “não, obrigado”!
Se por um lado encerram, por outro cortam. Os serviços públicos vivem à mingua, contrastando com o despesismo do Governo central. Faltam materiais nas escolas, nos hospitais, nas esquadras de polícia… Devem aos fornecedores, que já ameaçam cortar fornecimentos… e, se algum funcionário comenta com os utentes a pressão a que está sujeito para não pedir exames, perícias ou outros serviços, está sujeito a processos disciplinares, pois os “bufos” e os “lambe-botas” crescem que nem erva daninha, fruto de um sistema que lançou para o lixo os valores morais e de camaradagem.
Para nós, nacionalistas, nada disto faz sentido e tem a nossa mais completa reprovação. Racionalizar, sim, mas tendo em conta os aspectos qualitativos. Diminuir a despesa, sim, mas não cegamente e à custa dos mais necessitados. Há que olhar às necessidades dos mais desprotegidos, pelo que, connosco, o igualitarismo reinante é para acabar, pois só tem servido para proteger os que tudo podem e prejudicar os que mais precisam.
Podem chamar-nos, pejorativamente, “populistas”. Respondemos que verdadeiramente populista é quem promete baixar impostos para ganhar eleições e depois sobe-os, como fizeram o PS e o PSD-CDS, ou quem promete mundos e fundos através de medidas que no final arrasariam a economia, como faz a esquerda. E podem, também, perguntar-nos onde iríamos buscar o dinheiro para evitar estes cortes. Respondemos que, enquanto não começarem a cortar nas gorduras das Fundações inúteis, dos “boys”, das legiões de assessores, dos privilégios da classe política, das PPP suicidas ou dos pareceres milionários emitidos pelos compadres daqueles que fazem as legislação, e isto só para começar, não têm autoridade moral para nos perguntarem o que quer que seja, pois a resposta só não está à vista de quem não quiser vê-la.
Envolver-se!
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