O 25 de Novembro serviu para travar o comunismo, mas também para travar a ideia e a experiência do que seria viver no mesmo, coisa que tem feito falta a muita gente.

Vendo objectivamente as reais consequências do sacrifício daqueles bravos comandos, ele serviu tanto para bloquear uma ditadura vermelha, mas foi também instrumentalizado para impor outra ditadura, que serve tanto aos comunistas, como aos corruptos, traidores, desertores, oportunistas e todos aqueles que são os responsáveis por esta triste e vergonhosa III República.

Olhando para a bipolarização que alguns partidos recém-eleitos querem fazer com a data do 25 de Novembro – que não deixa de ser a repetição daquilo que o CDS já tem proposto desde há vários anos -, não deixo de ficar com a impressão que todos eles convivem muito bem com esta “democracia” e com a forma como tudo se desenrolou a partir dessa data. Eu entendo que à falta de referências históricas e de convicções, em termos de combate político, se aproveite uma oportunidade de modo a criar a ilusão de que são diferentes dos demais. Mas não! Mais uma vez tudo se resume a oportunismo, à falta de coragem de pensar “fora da caixa” e às suas consequências políticas.

Ao contrário do que nos querem dar a entender, esta data não representa uma linha entre a esquerda e a direita, antes, representa o actual regime na sua totalidade, incluindo a minoria de extrema-esquerda, cristalizada e saudosista do comunismo em toda a sua brutalidade, cujo golpe foi travado no 25 de Novembro.

Sendo honesto, até não teria sido mau uma amostra do que seria um regime comunista em Portugal e talvez até tivesse servido de antídoto para muitos estalinistas e gerações que actualmente veneram este tipo de ideologias criminosas. Até posso especular que o próprio PCP hoje seria uma má memória perdida no tempo, que o BE e afins seriam residuais e que existisse uma verdadeira Direita Nacional no parlamento, provavelmente maioritária, e que, consequentemente, eu não estaria a escrever estas linhas.