A vida concreta de micro e pequenas empresas
Dezembro é por natureza pouco produtivo para uma grande parte das empresas, tendo em conta os feriados e a época de festejos do Natal e Ano Novo. É o mês em que as famílias gastam o dinheiro em prendas, em que se investe a pensar no ano vindouro e quando as empresas têm um custo acrescido com os subsídios de Natal.
No mês de Janeiro, quando muitas empresas facturaram pouco, é a altura de se pagar as contribuições para a Segurança Social, a dobrar, por causa do subsidio de Natal do mês transacto. É também o mês de voltar a produzir ao máximo, até porque em Fevereiro, além das contribuições normais para a Segurança Social, faz-se a entrega do IVA, mesmo sobre os bens ou serviços que ainda nem foram recebidos, mas cujo imposto tem de ser “devolvido” ao Estado. Esse mês, além de pequeno, é o mês do Carnaval, altura em que a produção também e afectada por mais esse momento festivo.
Chegados a Março, que seria o momento de recuperar a tesouraria das despesas dos meses anteriores e amealhar para os subsídios de férias, a serem pagos em Junho, Junho ou Agosto, a maioria das empresas está a laborar muito pouco ou até mesmo encerrar totalmente, devido à epidemia e ao estado de emergência agora decretado. Há empresas, como a minha, que têm colaboradores compreensivos, por vestirem a camisola, terem noção do bem comum e fazerem parte de uma equipa que rema solidariamente para o mesmo lado e, por isso mesmo, concordaram em tirar um período de férias, de forma a preservar os postos de trabalho, tendo em conta que a facturação será mínima e os encargos se mantêm os mesmos. Mas nem em todas, esta espírito se verificará. E não se sabe por quanto tempo durará esta situação incerta… Sei, apenas, que as ajudas do Estado serão nulas e que pouco irei contar com ele, por mais que grite ou estrebuche, mas esta é a realidade.
Sei que milhares de micro, pequenos e médios empresários partilham das minhas preocupações, os quais irão passar muitas noites sem dormir, tendo em conta as incertezas do futuro, principalmente quando não se factura. As dificuldades em pagar a fornecedores, ao Estado e à banca comem connosco à mesa; em relação ao ordenado dos colaboradores, a preocupação é menor, porque serão sempre os primeiros a receber. O que mais custa, é a incerteza da duração de tudo isto, porque não nos permite fazer planos a curto e médio prazo e as despesas são fixas.
De forma a que tudo corra pelo melhor, apelo a que exista diálogo entre empregadores, colaboradores, fornecedores e clientes das empresas nacionais, que deixem de parte os interesses pessoais e que prevaleçam os mútuos, porque todos temos a perder se existir o conflito reivindicativo e muito a ganhar se houver entendimento.
Uma coisa é certa, nesta crise ninguém se salva sozinho, mas em conjunto, poderemos celebrar as dificuldades ultrapassadas.
Um forte abraço a todos!
Envolver-se!
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