O Primeiro Ministro, juntamente com mais duas mil pessoas, esteve no Campo Pequeno para ver o “rei” Bruno Nogueira em tempos de “calamidade”, fazendo tábua rasa das regras irracionais que ele mesmo nos impõe.

Estamos num país onde uns são filhos e outros enteados. Enquanto que a maioria está confinada ou sujeita a severas restrições, outros podem fazer tudo, arranjando-se sempre uma conveniente excepção para esses que convivem na zona promíscua de privilégios e de graxa nauseabunda entre os que comem à mesa do sistema.

Estamos num país onde quem é de esquerda ou lambe as botas do sistema é beneficiado e o resto da população é controlada e perseguida pela polícia e pelos queixinhas de serviço, muito “cívicos”, sempre prontos a denunciar qualquer ajuntamento com mais de dez pessoas, a propósito do vírus chinês cujos perigos são empolgados por uma comunicação social paga para semear o alarme social.

Claro está que não condenamos este evento, já que achamos que nada de mau ou de perigoso pode dali advir, até porque defendemos o rápido retorno à vida normal. Condenamos é o facto de só alguns o poderem fazer. Afinal, são eles que dizem nas suas canções de Abril, “condenamos quem pode beber a água de todas as fontes”.

É inaceitável a permanente dualidade de critérios e a hipocrisia da minoria detentora do poder cada vez mais totalitário, essa mesma que nos quer privar de vez uma série de liberdades inalienáveis e controlar totalmente o nosso dia-a-dia, enquanto vive de privilégios que partilha com os seus acólitos. Condenamos, igualmente, a atitude dessas pseudo-elites urbanas que podem divertir-se, gozar a sua “cultura” e apreciar os seus “artistas” de eleição, mas impedem os divertimentos e manifestações culturais e artísticas que não estão nas suas graças. É que essas devem atrair algum vírus

Quando nos reprimirem pelo incumprimento de leis ridículas de “distanciamento social”, uso de máscara e outras prepotências que tais, lembremo-nos das imagens de há dois dias no Campo Pequeno.