Intervenção de Pedro Frade na abertura da 4ª Convenção
Ao abordar a situação actual do partido, conforme consta da ordem de trabalhos desta Convenção, é imperioso falar brevemente dos dez anos da história do PNR e em especial destes últimos dois anos do Mandato que hoje termina para a actual Comissão Política Nacional.
Assim, passados dez anos de vida do PNR – que se completam no próximo dia 12 de Abril – posso dividir esta curta vida de uma instituição em duas etapas. A primeira, de 2000 a 2005, poderia ser chamada a “etapa da fundação”. Esta teve o mérito de criar um partido nacionalista que constituía uma grave lacuna no espectro político nacional e traduziu-se por uma iniciativa determinada e corajosa de um punhado de pessoas, das quais algumas se encontram hoje aqui presentes.
Não obstante a coragem de se criar um partido nacionalista, quando isso era impensável devido ao ambiente profundamente hostil, o PNR, por timidez e excesso de prudência e calculismo, fechou-se sobre si mesmo, não ousou e não tinha cara. Assim, em 2005, a inércia, amadorismo e medo de se abrir às várias correntes e pessoas do campo nacionalista, colocaram o partido em sério risco de esvaziamento e a sua implosão esteve iminente.
Foi nesse contexto que se inicia a segunda etapa da nossa curta história: a “da visibilidade”. O actual Presidente do Partido, não querendo que este acabasse, mas, pelo contrário, que saísse da concha e passasse dos bastidores à ribalta, não hesitou correr riscos e sacrifícios pessoais para dar continuidade a este projecto e fazê-lo crescer. Sempre disse que avançou por verificar que ninguém mais o fazia.
Nesta etapa de 2005 até esta data, muito se fez, muitos riscos se correram e muitos marcos assinalaram este período. Percorreu-se um caminho inevitável, com erros e acertos, com sucessos e insucessos, com coisas positivas e negativas.
Fez-se muito, mas muito mais há para fazer!
Seja como for, é inegável que nestes cinco anos o PNR deixou de ser um partido virtual e introvertido, para ser um partido incontornável na agenda política actual. O PNR abriu caminho, ganhou visibilidade, ganhou credibilidade e hoje defende pública e abertamente, bandeiras que há bem poucos era impensável defender-se.
Só a coragem e determinação têm permitido que no meio de tantas dificuldades, vindas de fora e de dentro, o PNR seja hoje o projecto nacionalista mais duradoiro e sólido desde o 25 de Abril.
A falta de recursos económicos e humanos, o estigma que paira sobre nós, as múltiplas dificuldades e armadilhas que minam o nosso caminho são realidades inegáveis. Os erros cometidos, a curta experiência, a escassez de quadros, são também realidades inegáveis que nos acompanham. As perseguições de vária índole, a censura e discriminação com que somos tratados, são também elas realidades inegáveis.
Perante tal cenário, é de inteira justiça reconhecermos que o simples facto de existirmos, continuarmos e melhorarmos, ainda que de forma lenta e insuficiente, são por si só, motivo de orgulho e regozijo. Só mesmo uma grande coragem, persistência, constância e determinação puderam permitir que, volvidos 10 anos, tenhamos um Partido Nacionalista e com ele uma porta aberta ao futuro.
Os dois últimos anos de vida do partido foram especialmente desgastantes. Eles correspondem ao mandato que amanhã termina, prematuramente, justamente pelo desgaste de alguns dirigentes e de Órgãos do Partido que tornaram insustentável o seu governo e desejável ou mesmo inevitável uma renovação do nosso partido.
Em 2008, tivemos que enfrentar a extinção anunciada de todos os partidos com menos de 5000 filiados, o que mataria fatalmente o PNR, bem como aliás, todos os restantes partidos sem representação parlamentar. Foi uma luta árdua, em conjunto, mas foi ganha.
Nesse mesmo ano tivemos que encerrar a sede por falta de verba. Um partido sem sede, sem um centro de trabalho, continua a existir, mas como se calcula, tudo se torna bem mais complicado.
Em 2009 enfrentamos três actos eleitorais que representaram um esforço impensável aos mais diversos níveis. Desde as listas eleitorais aos tempos de antena, desde a propaganda às contas, desde as deslocações em campanha às mesas de voto… Tudo isso representou gastos avultados, mas sobretudo inúmeras horas perdidas, burocracias inacreditáveis, nervos e correrias, reuniões e comunicações… Enfim um trabalho só mesmo perceptível a quem de alguma forma esteve envolvido.
Cumpre lembrar que, se muitas coisas não têm corrido de feição, se fracassos e insucessos houve, se frustrações e desânimos nos fustigaram, também muito se concretizou, muito se aperfeiçoou e ganhou em credibilidade e solidez.
Passámos por três eleições e por tudo o que de esforço isso representa, mas sempre com a preocupação da organização e comunicação internas.
Hoje podemos afirmar, em consciência, que diversos procedimentos estão já rotinados e a comunicação melhor que alguma vez esteve. São disso exemplo o processo de adesão de militantes, o telefone que está operacional a tempo inteiro, os mails respondidos com prontidão, a actualização do ficheiro de militantes e até, como se pode ver, a organização e envergadura desta Convenção que se destaca das três anteriores.
O PNR, como partido nacionalista que é, não esgota os seus objectivos em actos eleitorais. Longe disso! Mas, como partido que é, assume as regras do jogo e tem que dar às eleições um papel de elevado relevo, como é natural.
É nessa perspectiva que temos que reconhecer que os resultados das três eleições recentes – Europeias, Legislativas e Autárquicas – embora tenham registado algum crescimento, estão muito longe de satisfazer as nossas aspirações e objectivos. Sobre este assunto muito haveria a considerar e cada qual tem a sua análise.
Apesar disso, creio não estar longe da verdade se detectar aspectos comuns de fracasso nas múltiplas análises possíveis. E também alguns aspectos de sucesso.
Entre esses aspectos comuns, está a ideia de que temos que reflectir e mudar em determinadas estratégias para fazer a nossa mensagem passar. Reconhecer que, como num ciclo vicioso, não temos votos por falta de meios para uma eficaz divulgação, e falta dessa eficaz divulgação por falta de votos.
Infelizmente a fuga de votos nossos para o chamado voto útil é uma dolorosa realidade. A má imagem que nos está colada também contribui para a desmobilização nas urnas. A desigualdade gritante e a discriminação no acesso ao mediatismo são notórias. O amadorismo e a falta de meios – económicos, humanos, quadros – são uma evidência.
Mas sabendo bem, das dificuldades e entraves a que estamos sujeitos, das armadilhas e boicotes, das desigualdades de tratamento e discriminações, sabemos também que essas realidades não podem nem devem servir nunca de desculpa. Podem e devem, sim, ser constatadas e referidas. Mas sabendo delas, temos que saber inventar estratégias e contar com o nosso empenho para chegar a elevados objectivos.
Também não pode servir de consolo o facto indiscutível de que partidos, com incomparavelmente mais meios, se quedem por parcos resultados e estejam condenados ao fracasso e desaparecimento; de que partidos com 30 ou 40 anos de existência continuem a marcar passo sem qualquer perspectiva de crescimento ou que muitos partidos tenham já fechado as suas portas. Nada disso nos conforta por comparação. Apenas pode servir para análise e verificação de que, apesar de tudo temos uma certa solidez e base de apoio.
Olhemos então para as coisas positivas e que representam uma aquisição de experiência e envolvimento crescente de pessoas: a iniciativa por parte de alguns militantes que reuniram vários candidatos para as listas do PNR às várias eleições, foi um sinal positivo; a candidatura do PNR a algumas Juntas de Freguesia foi também uma coisa inédita para nós; resultados de mais de 1% em alguns Concelhos ou Freguesias de peso, são também números novos para nós e isso permite-nos perceber que onde o trabalho é feito os votos aparecem.
Por fim, a aposta no envio de membros do PNR para as mesas de voto, foi uma aposta ganha e o inicio daquilo que se pretende que vá ganhando cada vez maior expressão. O PNR enviou 135 pessoas para as mesas. Isso começa a fazer a diferença! Ganhamos experiência, visibilidade, credibilidade e vigiamos, pelo menos alguns locais, dissuadindo a apetência de muitos em nos suprimir votos…
Já quase ao cair do pano do ano de 2009, não podemos deixar de assinalar o facto de o PNR ter sido convidado a integrar a “Aliança dos Movimentos Nacionais Europeus” que se consumou em Roma, no dia 5 de Dezembro último e que denota reconhecimento de credibilidade por parte dos nossos congéneres europeus.
É chegada a hora de começar uma nova etapa à qual posso chamar “da maturidade”, que estará alicerçada na entrada de pessoas para trabalhar com constância e com a prioridade da comunicação entre militantes e simpatizantes, apara além de um pacote de medidas e procedimentos a levar a cabo, com vista a melhorar significativamente a organização interna e procurar resolver a questão financeira em estado de grave doença crónica.
Havendo vontade e responsabilidade no cumprimento dos compromissos, acredito que vamos trilhar com maior rapidez e solidez o caminho do crescimento.
Viva o PNR!
Envolver-se!
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