EDUCAÇÃO | O diploma é o inimigo mortal da cultura
“A cultura desaparece numa multidão de produções,
numa avalanche de frases, na demência da quantidade.”
(Milan Kundera)
Nos últimos dias, este (des)governo lançou para a rua mais uma pérola política, aliás, no seguimento de outras pérolas deste e de outros anteriores. Ficámos a saber que pretendia fechar as escolas com menos de 21 alunos, pondo assim em risco um universo de 900 escolas.
A visão economicista sobrepõe-se aos interesses das crianças, porque para os governantes e o sistema em geral, os olhos estão virados apenas para as suas minorias.
Qualquer medida política deve ter em conta aspectos quantitativos e qualitativos. Só usando este binómio é possível legislar com justiça.
Neste particular, como em muitos outros, o governo agarra-se à ditadura dos números para justificar uma qualidade que só pode existir nos manuais de um mau gestor e político.
Sabemos que o número ideal de alunos não deve exceder 20 crianças por sala. Dirão então, os arautos do sistema, que isto é válido para cada ano de escolaridade e não para grupos de quatro anos. Ao que retorquimos que, nesse caso, corremos o risco de ver encerradas todas escolas com menos de 80 alunos. Ou esse foi um número que o governo atirou para o ar, só para poupar mais uns trocos, onde precisamente se deveria investir?
Os factores remotos que despoletaram a redução do número de alunos nas escolas, são o êxodo de lugar para a aldeia, da aldeia para a vila, até aos grandes aglomerados populacionais bem como as politicas anti-natalidade tão defendidas e implementadas nas últimas décadas.
As consequências são boas de ver. Por um lado, mais migrações para os grandes centros populacionais, onde o sistema pretende instalar megas escolas, de ensino massificado, onde o aluno é um mero número a quem urge dar um diploma e não formar, perdendo-se muitos laços de proximidade entre eles e os professores. Por outro, acentuam-se os casos de crianças que, vivendo longe demais das escolas, gastam entre trajectos casa-escola e os tempos mortos de espera, fruto da distância e sujeição aos transportes, mais de 12 horas por dia.
As nossas crianças e os nossos jovens são iludidos com a obtenção fácil de diplomas, que no entanto e mais uma vez demonstram que a quantidade não significa qualidade.
Este sistema de ensino massificador, premeia os maus, desincentiva os medianos ao esforço e penaliza os bons. É mais uma vez o igualitarismo estúpido e decadente a impedir o progresso e o saber. O sistema, alicerçado nos burocratas dos sindicatos e em professores de esquerda com poder de decisão, quais comissários políticos, distorce as avaliações, impõe a sua vontade nos manuais, mas sobretudo comete o maior dos crimes: impede os nossos filhos de pensar livremente senão mesmo de pensar.
Estamos assim a fabricar uma sociedade de autómatos trabalhadores, completamente alienados, sem cultura, sem identidade e sem pátria com a qual o capitalismo tanto sonha.
Envolver-se!
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