Do Presidente aos Nacionalistas | Dezembro de 2010
Termina mais um ano e com ele uma etapa de luta árdua pela formalização da minha candidatura às Presidenciais 2011 que não logrou alcançar o seu objectivo.
A dificílima tarefa da recolha de 7.500 Proposituras, que envolve um processo complexo, demonstrou estar ainda para lá do nosso sonho e das nossas forças.
Agora, desvanecidas as esperanças e enterradas as angústias da incerteza de alcançar a meta, não posso deixar de apontar o dedo acusador à comunicação social, importante tentáculo do sistema nauseabundo que nos domina, mas também à leviandade de muitos e ao desleixo de outros que supostamente deveriam ajudar.
Contudo, a primeira palavra vai para aqueles que sonharam juntamente comigo e, comigo se esforçaram por concretizar algo inédito no Portugal pós-abrilino e que tanta falta faz: uma candidatura Presidencial nacionalista!
Agradeço assim com profundo reconhecimento e emoção a um punhado de pessoas que, sem meios nem estrutura se moveram por pura convicção. A estes, cuja dedicação jamais esquecerei, apenas posso estar agradecido e dizer-lhes que nada é em vão! Estamos a semear e a caminhar!
Agradeço também a tantas pessoas que se revelaram apoiantes e além de assinarem, fizeram outros assinar. Pessoas essas que eu nunca sonhei – pela discrição das suas condutas – que fossem apoiantes e outras que começaram a apoiar pela primeira vez, causando-me agradável surpresa e imensa alegria. Também não esquecerei!
É verdade que chegámos ao fim de um caminho com o sentimento de um sonho adiado. Com o sentimento de que, contabilizadas 5.787 Proposituras recolhidas, além de poucas dezenas por recolher, fomos “morrer na praia!”! Mas é igualmente verdade que, hoje mesmo, renasceremos para novas lutas que se avizinham: pelo PNR, pelo Nacionalismo e por Portugal!
Para os verdadeiros nacionalistas, que se movem por convicções e pura ideologia, não há derrotas definitivas nem vitórias igualmente finais. Há sim etapas de uma luta sem tréguas nem quartel, contra correntes e marés adversas. É com estes, irredutíveis, resistentes, generosos e Presentes, que contamos sempre!
Sei de pessoas que polarizaram a recolha de 50, 70 ou 100 assinaturas. Sei que outros o fizeram de meia dúzia delas. O que importa não é o número, mas o esforço. Quem faz tudo o que pode e sabe a mais não é obrigado.
Como não acredito em vitórias ou derrotas morais, mas apenas em factos, o facto é que “morremos na praia”! Mas também não acredito que haja coisas em vão. Tudo o que se faz deixa rasto – para o bem e para o mal – e, como tal, não dou o tempo e o esforço por perdidos, e peço aos que se empenharam e esperaram nesta candidatura que sintam e pensem o mesmo. Há cinco anos atrás, nas últimas Presidenciais, seria impensável algum nacionalista equacionar a sua candidatura. Hoje, isso foi possível e quase atingido. Amanhã será possível…
Quando anunciei a minha candidatura, sabia bem da dificuldade de tão dura meta e da possibilidade de não a alcançar. Contudo, depois de reflectir, entendi ser meu dever avançar e propor aos portugueses uma verdadeira alternativa ao “mais do mesmo” apresentado pelos outros candidatos.
Não me importaria tanto de falhar o objectivo da candidatura como o de não tentar… E confesso que, em meados de Outubro, após os meses de verão vividos com a angústia da incerteza, acalentei fortes esperanças no sucesso deste empreendimento, dado o fluxo de assinaturas que nos iam chegando. Contrariamente, desde há poucas semanas, a angústia foi-se desvanecendo, dando lugar a uma profunda calma própria da tristeza e desilusão…
Não posso deixar de lamentar, por mim, pelos que acreditaram e se esforçaram e pelos milhares de portugueses anónimos que em mim votariam, que se tenha perdido esta oportunidade que por pouco não foi agarrada. Quem fica a perder é a nossa Nação, nesta corrida contra o tempo que está a favor dos traidores.
Não posso deixar de lamentar o papel da comunicação social, nojenta, que tanto fala em liberdade de expressão ou igualdade de tratamento, mas na verdade promoveu todos os candidatos do sistema e apadrinhou-os, mas a mim, incómodo, ao invés, votou ao total silêncio. Essa comunicação social – e especialmente o serviço público – longe de servir os portugueses, está dominada por lóbis e limita-se a servir interesses, obedecendo às directivas do regime podre que nos afunda. Uma vergonha!
Nunca tive direito a uma só linha num jornal ou um segundo num telejornal! Nunca me foi concedida uma entrevista ou questionada uma posição sobre algum tema. Nunca foi feita a cobertura nem noticiada alguma acção de pré-campanha e recolha de assinaturas. Não fui convocado para os debates que estão de momento a ocorrer. Nada!
Não fora essa situação de discriminação e a formalização da minha candidatura – posso agora afirmá-lo com segurança – seria uma certeza.
Lamento que neste sistema podre que sustenta o regime igualmente podre, só haja liberdades para os pares. Pois para os incómodos, a igualdade de tratamento e oportunidade, consagrada na Constituição, não passa de uma miragem que só engana os tolos.
Lamento não ter podido ir aos debates com os outros candidatos. Tenho pena, especialmente, de não ter podido confrontar o Candidato Cavaco Silva com as suas culpas pelo estado em que o país se encontra, e pela sua fraqueza e hipocrisia na promulgação da lei do “Casamento entre pessoas do mesmo sexo”… Tenho pena, especialmente, de não ter podido confrontar o Candidato Manuel Alegre com os seus tempos de Argel… e com a sua conversa mole de justiça social e solidariedade que se contradizem no facto de ser o único candidato que já encheu o país com cartazes gigantes (quanto dinheiro mal gasto, havendo tanta pobreza!) e de ter reformas principescas por míseros meses de trabalho, etc…
Mas tudo isto é nada – nada! – se comparado com a mágoa que sinto face a tanta irresponsabilidade, medo e desleixo por parte de muitos de quem seria de esperar apoio.
Já se sabe que só podemos contar com as adversidades e dificuldades vindas do sistema mas, justamente por isso, o nosso esforço tem que ser maior e continuado! Não podemos agir por impulsos inconsequentes ou esperar que apenas os outros se esforcem, pois isso configura uma imensa falta de respeito pelos “camaradas” e pela causa.
Como se pode compreender que haja pessoas que inclusivamente me animaram e incentivaram a avançar e que, logo à partida “asseguravam” a recolha de inúmeras assinaturas, e nem a sua ao menos enviaram? Não é com estas atitudes irresponsáveis e inconsequentes de se atirar os trabalhos para cima dos outros e atirar os outros para a frente, sozinhos, que se muda o país.
Como se pode compreender que haja pessoas que afirmem querer votar em mim, mas que declinem a intenção de assinar pela candidatura, invocando o medo das consequências (que na verdade só existe nas suas cabeças) ao colocarem a sua identidade num simples papel? Não é com cobardias deste calibre, deixando todos os riscos e perigos em ombros alheios, que se muda o país.
Como se pode compreender que as pessoas sinceramente interessadas e esperançadas nesta candidatura não a tenham apoiado a tempo inteiro de modo prático e operativo? Não é com atitudes desleixadas e comodistas que se muda o país.
Mas enfim, as coisas são o que são e importa seguir-se em frente. Fica a clara noção de que se alguns (apenas alguns!) destes últimos tivesse sido consequente com o que diz defender, tudo seria diferente e o processo de candidatura já teria sido formalizado no Tribunal Constitucional há algum tempo e eu estaria neste momento nos debates entre candidatos a defender as nossas causas.
Para estes últimos, desejo então que escolham um qualquer candidato do sistema para que votem “útil”, fazendo assim coerente a sua actuação do princípio até ao fim, já que a sua inércia que só beneficia o sistema e deixa ver que afinal as suas queixas e desejos de mudança são balelas.
Quanto aos primeiros, aos que se batem seriamente, sem olhar a meios, sem esperarem vitórias mas apenas combate e coerência, a esses só lhes peço que não esmoreçam, e que pelo contrário, lendo os sinais se afinquem ainda mais no combate. Sinto um imenso orgulho em estar ao seu lado nesta nossa luta!
A estes, deixo-lhes o meu sentido de voto nas Presidenciais: não colocarei os pés nas urnas, pois considero todos os candidatos uns trates, antinacionais e altamente nocivos.
Por um Portugal Nacional e Social, continuarei sempre a lutar!
José Pinto-Coelho | 22 Dezembro 2010
Envolver-se!
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