Entrevista a José Pinto-Coelho | Jornal Forum [de Vale do Sousa]
Por ocasião das celebrações do 1º de Dezembro e da oficialização do núcleo do PNR de Vale do Sousa, com respectiva abertura da sede em Paredes, o Jornal Fórum conversou com Presidente do PNR após a sessão de esclarecimento que teve lugar na sede, na manhã do dia 1 de Dezembro.
Transcrevemos aqui a referida entrevista que foi publicada dois dias depois.
Fórum (F) – Partidos como o PNR estão a crescer a olhos vistos em toda a Europa – na Suécia, Áustria ou Holanda – contudo em Portugal não conseguem ter mais do que uma expressão residual. A que se deve essa fraca penetração no eleitorado?
José Pinto Coelho (JPC) – Bom, cada país tem as suas circunstâncias próprias. Portugal tem um problema acrescido que é ter tido uma revolução, algo que outros países não tiveram. Essa revolução atirou para um guetto toda e qualquer expressão nacionalista. Isto faz com que as pessoas tenham um enorme medo de aderir ou se conotar com o partido. Ainda por cima se criou a ideia de que o PSD e o CDS são partidos de direita quando não o são. Eles limitam-se a fazer o jogo que a esquerda dominante quer. Nós vivemos numa ditadura cultura de esquerda, que organiza a nossa agenda política. Portugal, como país periférico que é, tem sempre um tipo de retardador. Mais tarde ou mais cedo os problemas graves do centro da Europa vão ser graves em Portugal. Aí os portugueses vão começar a abrir os olhos. Nós não somos contra nada nem ninguém, somos é a favor de Portugal e dos portugueses. Queremos que os portugueses sejam felizes. Não somos contra os outros países ou povos, mas cada um no seu lugar. Se não cuidarmos dos nossos quem o fará.
F – Sendo o Norte do país mais conservador e católico o facto é que o PNR não consegue ter aqui grande expressão. A que se deve essa falta de ligação á vossa mensagem?
JPC – A nossa maior força está nos distritos de Lisboa, Setúbal e Faro e tem uma muito reduzida expressão a Norte. Isso tem uma razão: o PNR não tem os mesmos meios dos outros partidos. Assim sendo não somos conhecidos e as pessoas não votam no que não conhecem. Hoje estamos aqui a assinalar um marco histórico que é o de nos implantarmos com solidez no Vale do Sousa. A nossa mensagem e discurso político vai de encontro aos desejos das pessoas. Nós defendemos a Vida como valor supremo. Nós defendemos a família como célula primordial da sociedade a preservar e acarinhar. Nós defendemos a pátria e as tradições. O Norte acolhe a nossa mensagem em plenitude, só que não nos conhece. O nosso trabalho é dar a conhecer o partido.
F – A crise profunda que atravessamos é para o PNR entendida como uma oportunidade de crescimento?
JPC – Todos os dramas na vida das pessoas e das sociedades acabam por ser também oportunidades. Não desejamos estes dramas, mas vamos aproveitar esta oportunidade. Estas crises atiram as pessoas para becos, nos quais nunca deviam ter estado. Por isso vão sentir necessidade de mudar de caminho. A Sociedade deve ser o prolongamento natural da família. É uma construção humana e orgânica natural. Defender a nação é, acima de tudo, um dever. Pela nossa liberdade e pelo nosso bem-estar. Não e na mãos de tecnocratas que nós vamos encontrar a nossa felicidade. A insensibilidade total para com as pessoas e trabalhadores assentes em diretivas que chegam de fora é inaceitável.
F – Sente-se um esforço para que o PNR se apresente com maior sensatez e respeitabilidade. Não teme que esse esforço saia ferido por afirmações ofensivas para com os judeus, ciganos e protagonistas do 25 de Abril?
JPC – Como todo o combate na vida, e nós estamos num combate, pode haver ferimentos. Esse é o preço a pagar e não podemos abdicar de certas expressões para que as pessoas compreendam com clareza o que estamos a dizer. Dizia-se que ninguém percebia o que o Salazar dizia, mas toda a gente sabia o que ele queria. Contrariamente toda a gente percebia o que o Marcello Caetano dizia mas ninguém sabia o que ele queria. Nós queremos que as pessoas nos percebam. Esses ferimentos de discurso, que possam acontecer, nós estamos conscientes deles. O 25 de abril, na minha ótica é uma página negra que abriu portas a políticas destrutivas ara a nossa nação. Há pessoas que têm saudades do Salazar, nós não temos. Nós olhamos para o futuro, não olhamos para trás. As pessoas sentem saudades da honestidade, do rigor, da segurança. É natural que toquemos em expressões e símbolos da vida política portuguesa, mas estou certo de que os portugueses nos vão compreender. Se tivermos que falar de imigração e da origem da criminalidade, com certeza que o faremos.
F – Se num dado momento tiver de escolher entre construir uma imagem de respeitabilidade e sensatez do PNR, mas que permita um maior crescimento, ou manter um discurso mais extremista e radical ou que fará?
JPC – Será sempre uma opção pela sensatez. Sem nunca abdicarmos daquilo em que acreditamos, há que adequar o discurso de forma a que as pessoas o entendam. Mas nunca faremos nada que ponha em causa aquilo em que acreditamos.
Envolver-se!
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