Do Presidente aos Nacionalistas | Novembro de 2011
Faltam menos de dois meses para se assinalar uma década de entrada em vigor do Euro, ou seja, dez anos sobre esta desgraça que nos entrou porta dentro.
Esta “imigrante” nefasta e indesejada, que nos invadiu, veio pela mão de Cavaco Silva aquando da assinatura do Tratado de Maastricht, em 1992, altura em que era Primeiro-Ministro e em que repetia insistentemente que Portugal, com o Euro, estaria na carruagem da frente do comboio europeu… Sempre em bicos dos pés, estes eurocratas ao estilo de “bons” alunos graxistas da UE, convenceram muitos portugueses de que na União Europeia e na Moeda Única, encontraríamos o eldorado. A verdade, porém, é que passada uma década da adesão ao Euro, não só não vamos na primeira carruagem, como estamos já esfarrapados e pendurados na última.
Os portugueses sentiram, e de que maneira, a perda do poder de compra com a entrada em vigor dessa moeda que nos é estranha. E a razão é simples: continuámos a receber os salários na óptica do Escudo, mas a consumir na do Euro.
Sem moeda própria nem política cambial, abdicámos dos mecanismos necessários à nossa economia, como a inflação ou as taxas de juro, que poderíamos gerir segundo os nossos interesses e conveniências, nomeadamente para favorecer as exportações e a competitividade. Passámos assim a andar a reboque de interesses alheios, sujeitos às suas imposições, e os resultados têm-se revelado desastrosos: desequilíbrio da balança comercial, dívida externa, perda de competitividade, falências e desemprego.
Este era, portanto, o resultado previsível. E o PNR, desde o início da sua existência, anterior à data de efectivação da adesão, sempre se opôs às políticas federalistas europeias, desmanteladoras e da nossa soberania e, concretamente à adesão à moeda única, não só pelas consequências gravosas que fatalmente traria, como sobretudo pela cedência grave de soberania em matéria de política monetária e cambial, com impacte directo na economia e na soberania de Portugal.
Sempre fomos denunciando o crime de lesa-pátria que tem sido esta aventura do Euro, e temos defendido insistentemente que deveríamos corrigir o erro, dando início ao caminho de saída do sistema monetário europeu para regressar ao Escudo, de modo ponderado e responsável, provocando o menor dano possível, mas evitando os danos imprevisíveis que a permanência no Euro acarreta, sobretudo se tivermos que sair à pressa e sem qualquer preparação. Nas últimas eleições Europeias, de 2009, sob o lema “A União Europeia prejudica Portugal” e também nas duas legislativas seguintes, o PNR defendeu esse ponto de vista: sair pelo próprio pé.
Chegados agora ao limiar da sua década, parece que estamos, por ironia do destino, perante o seu iminente colapso. Assim o espero e desejo: em coerência!
O momento actual é de descontrolo da economia, desassossego dos mercados, pesadelo para os políticos mundialistas, desespero dos eurocratas. E disto resultam incertezas, hesitações, precipitações, desconfianças e conflitos que, por sua vez, agudizam os anteriores sintomas. Ora nesta centrifugadora vertiginosa da vida económica, financeira e política, quaisquer cenários concebidos são muitas vezes superados ou fintados pela própria evolução das coisas, muitas vezes surpreendente e súbita.
Basta ver-se que a abalada economia italiana, terceira mais poderosa da zona Euro, que sozinha equivale ao triplo das economias grega, irlandesa e portuguesa juntas, pode efectivamente originar o golpe de misericórdia na moeda única.
É legítimo por isso, face aos indicadores e sobretudo ao senso comum, perceber que este monstro que foi criado, este corpo estranho às soberanias europeias, provavelmente irá assinalar os seus 10 anos de nascimento com a própria morte. Assim o espero: que o Euro desapareça em 2012.
É inegável que no caso deste cenário se concretizar, as consequências serão duríssimas e imprevisíveis. Mas afinal, o que tem acontecido com a nossa adesão e permanência no sistema monetário europeu? Precisamente isso: consequências duríssimas, submissão, servidão face a Bruxelas e futuro muito, mas muito, negro.
Se uma saída do Euro pelo nosso pé já seria difícil e corajosa, um empurrão vindo de decisão externa ou o colapso do próprio Euro, provocarão momentos ainda mas difíceis. Mas mesmo assim, isso tudo é preferível a teimar-se neste caminho de escravidão, de sacrifícios sem contrapartidas e falta de perspectivas de futuro. De facto, é insustentável esta situação que os políticos mundialistas, apátridas e servos do capitalismo, nos criaram.
Transpor os danos e penas gerados pela saída do Euro, ou pela sua queda, é por isso uma etapa duríssima mas inevitável para a reconquista da soberania perdida por parte das Nações Europeias.
José Pinto-Coelho | 21 Novembro 2011
Envolver-se!
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