Incêndios, bombeiros e simulacros
Mais um Verão, mais um ano que passa, e a tragédia dos incêndios mais uma vez é notícia por todas e pelas piores razões. Para além de avultados prejuízos materiais, temos de lamentar a perda de vidas e as provações de quem ficou ferido no combate às chamas.
Apesar dos discursos de boas intenções e das promessas a quente, todos os anos se repete o mesmo cenário e não é pensada uma política que vise verdadeiramente minimizar o flagelo dos incêndios. Tal como o PNR tem denunciado, as estratégias feitas nos gabinetes com bom ar condicionado, pensadas sem ouvir quem está no terreno e sofre com esta tragédia, ou condicionadas pela subserviência aos interesses de quem lucra com os incêndios, nunca poderão dar bons resultados.
O PNR propõe:
Prevenção
Criação de um Plano Nacional em que as câmaras municipais coordenam um maior envolvimento da comunidade na limpeza das matas, através da sua estrutura de protecção civil, associações ambientais e outros interessados, numa estratégia previamente estruturada e contemplada nos Planos Directores Municipais.
Investimento na formação, tanto operacional como de comando, a par de uma reestruturação nacional do sistema de protecção civil, com participação ampliada das instituições (PSP, GNR, Protecção Civil, Câmaras Municipais, Bombeiros, Exército, Força Aérea, Armada, INEM, Cruz Vermelha, Escuteiros/Escoteiros, etc.). O modelo recente ficou este mês provado que não serve.
Reforço da vigilância de matas recorrendo a programas de voluntariado e de juventude.
Forte aumento das penas para os incendiários, usando assim o poder preventivo da lei para dissuadir este tipo de criminalidade.
Envolvimento ainda maior das Forças Armadas no combate aos incêndios, nomeadamente no que toca à logística.
Capacidade de actuação
Promoção de um debate nacional, envolvendo bombeiros, proprietários, associações e departamentos universitários, para desenvolver uma estratégia de combate, comando e actuação face a incêndios.
Apoio às corporações de bombeiros no que toca a material, comunicações e protecções.
Revisão de toda a politica relativamente aos meios aéreos de combate a incêndios, deixando de recorrer a empresas privadas.
Capacidade de reposição
Promoção da reflorestação das áreas ardidas com espécies autóctones, impedindo assim eventuais interesses ou negócios pouco claros (nomeadamente a indesejável substituição das espécies ardidas por eucalipto).
Investimento no seguro que salvaguarde todos os prejuízos materiais e humanos que o combate ao fogo acarreta.
Por último, o PNR não pode deixar de repudiar a atitude do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. António Costa, que no passado fim-de-semana se passeou alegremente por um simulacro de incêndio na Capital, quando devia ter cancelado esse mesmo simulacro e deixado que os cerca de 250 bombeiros que nele participaram fossem ajudar os seus camaradas envolvidos no combate às chamas noutras partes do País. Para o PNR, a mentalidade centralista e de “show-off” típica da gestão PS na Câmara Municipal de Lisboa tem de ser banida da política portuguesa.