Ramal da Lousã
A CP está autorizada a gastar cerca de oito milhões de euros, sem IVA, até 2017 ou 2018, num total de treze contratos de prestação de serviços outorgados pelo Conselho de Administração da empresa e cujos despachos foram publicados no final da semana passada em Diário da República. Se incluirmos os valores do IVA em vigor, os contratos que a CP ficou autorizada a celebrar, implicam montantes próximos dos 10 milhões de euros.
O maior desses contratos em valores, diz respeito ao procedimento de contratação com vista à aquisição da prestação de serviços rodoviários de substituição no Ramal da Lousã, por interrupção da circulação ferroviária. A referida prestação de serviços já está em vigor desde Julho de 2015, mas prolongar-se-á no âmbito deste despacho, até Junho de 2018. O montante deste negócio ascende a 3,9 milhões de euros sem IVA. Este é o custo para manter uma substituição de ligação rodoviária no antigo ramal ferroviário da Lousã: 1,6 milhões de euros por ano, em média, no mínimo. A questão do ramal, a necessidade de modernização do mesmo e de ligação à restante rede ferroviária nacional, remonta ao final do decénio de 80, do século passado. Foram avançadas inúmeras soluções, tais como o metro ligeiro de superfície (‘tram train’) ou os comboios eléctricos, mas nada se concretizou. Criou-se uma sociedade, a “Metro do Mondego” para o efeito, lançaram-se concursos, e desmantelou-se o ramal da Lousã para construir o seu substituto.
A ordem é rica, os frades é que são pobres. A frase encaixa que nem uma luva em mais esta gordura do Estado, gordura essa que já deveria estar a ser diluída no ramal renovado e electrificado. Com efeito, a solução rodoviária, para além de dispendiosa para o Estado, não serve os cidadãos, pela demora nos percursos e pelos horários pouco atractivos. No final, e bem feitas as contas, só a empresa privada de transportes é que beneficia com este impasse, pairando sempre a dúvida se por ineficácia, se por dolo.
Envolver-se!
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