Santa Casa Montepio
Uma ligação financeira entre o Montepio e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa é um assunto que se arrasta ao longos dos últimos meses e que foi evoluindo, revelando os traços concretos do negócio, nunca muito claros, e até alguns dos seus protagonistas (caso de Santana Lopes, que já não é provedor da Santa Casa), entretanto afastaram-se dessa órbita. Outros dizem não ter feito pressão por parte do Governo, mas parece não haver dúvidas de que o Ministro Vieira da Silva propôs aquela ligação a Santana Lopes, com o apoio do Banco de Portugal.
Falava-se inicialmente numa entrada de 140 milhões de euros da Santa Casa, no Montepio, mas esse número já anda nos 200 milhões. E não iriam ajudar directamente a Caixa Económica do Montepio (o banco, digamos), mas ajudar as finanças pouco sólidas da Associação Mutualista que detém o capital do banco. Segundo a versão mais recente, a Santa Casa iria comprar à associação mutualista uma parte do seu capital no banco – 10%, segundo consta.
Este governo tem tido atitudes pouco claras, muitas vezes obscuras, no que toca a muitos assuntos de interesse nacional. Começando nos incêndios, passando pela Legionela nos hospitais, pela Raríssimas, pelo financiamentos dos partidos com representação parlamentar e terminando agora nesta ligação pouco clara entre uma instituição cujo fim é ajudar portugueses necessitados, apostada agora em ajudar mais um banco “necessitado”. Existem interesses de muitos nesta negociata, mas seguramente não da Santa Casa. Como sempre, outros valores falam mais alto.
A falta de transparência é muita, pelo que podemos imaginar os piores dos cenários. Quem é que vai salvar o próximo banco? A AMI? A Cruz Vermelha? A Raríssimas, talvez…
A banca precisa de uma intervenção urgente e de maior vigilância e fiscalização por parte do BdP, que só acorda quando já é tarde. A Santa Casa precisa de deixar de estar refém dos boys dos partidos. O país precisa do PNR, para acabar de vez com esta vilanagem.