Olhando para o rescaldo e para o suposto fiasco das manifestações dos coletes amarelos, quero tecer algumas considerações pertinentes:

– É triste constatar que o sistema, supostamente “democrático”, despreze os anseios e os medos de milhares de cidadãos descontentes com o regime e mobilize milhares de policias para os controlar e demover;

– Mais triste e degradante é a forma como o mesmo sistema (Partidos políticos, sindicatos, jornalistas e comentadores de televisão) tentaram boicotar as aspirações e as angústias de grande parte dos votantes;

– Os mesmos que a tentaram boicotar, são os mesmos que se regozijam do seu pretenso fiasco, usando de forma privilegiada a sua condição de comentadores televisivos, onde não existe o tão necessário contraditório;

– Quero salientar que os sindicatos consideraram este protesto espontâneo como “concorrência” e tentaram descredibilizá-lo ainda antes de o mesmo ter acontecido, apesar de muitas das pretensões serem bastante justas;

– Mais uma vez, o sistema em uníssimo comportou-se como aqueles que dizem combater, fazendo corar de inveja um Maduro, Castro ou qualquer outro dirigente totalitarista;

– Ficou bem presente a forma intimidatória como as forças de segurança trataram os manifestantes como se estivessem a lidar com criminosos, quando no máximo iriam bloquear umas estradas, ao invés de outros, que ao abrigo da lei e de forma impune, causam milhões em prejuízos ao contribuinte, ameaçam pequenos negócios, causam instabilidade interna, prejudicam os utentes do serviço nacional de saúde, dos transportes e  tribunais, chegando a por em causa a permanência em solo nacional de fábricas e industrias  vitais para o emprego e desenvolvimento de muitas regiões e PIB nacional;

–  Mais uma vez a suposta comunicação social e os seus jornalistas prostituídos aos grandes grupos económicos e de interesses, mostraram de que lado estão e que não são dignos da confiança dos portugueses;

– Este protesto não foi um fracasso! Só o facto de o mesmo existir, comprova o medo do sistema e seus cumplicies. Prova disso é o contingente policial utilizado, algo inédito neste país;

Para finalizar, quero agradecer àqueles que puderam e tiveram a coragem de sair à rua, lutando pelos interesses da população – e não só de um grupo minoritário e sectário – e mostrar o meu desprezo pelos habituais treinadores de bancada que nada acrescentam, limitando-se a criticar o trabalho alheio do cimo da sua pequenina e vil arrogância.

Penso que este foi um dos muitos protestos que virão, que os seus organizadores irão crescer com os erros cometidos e que servirão para aprimorar combates futuros. É sempre melhor e mais digno tentar e errar, do que criticar e nada fazer.

O meu respeito a todos os presentes!