Morrer do vírus ou da cura?
Antes que alguém diga que estou a minimizar o Covid-19, alego já que não! Estou, sim, a observar dados e a procurar perceber o grande mistério por que a tragédia anual da gripe comum, que ceifa dezenas de milhares de vítimas no mundo, não faz a comunicação social gritar, os políticos legislar febrilmente, os responsáveis fazer conferências, as contagens de mortos serem diariamente divulgadas, a grande maioria das pessoas alarmar-se e, bem pior… o mundo paralisar.
Em Portugal, só num mês de crise pandémica, 163.000 trabalhadores perderam o emprego, 982.000 estão sem actividade, 1.766.000 mil sofreram uma importante redução nos seus rendimentos e o número de empresas em dificuldades não pára de aumentar. Por cada mês de economia paralisada o país perde 6,5% do seu PIB, ou seja, 13.800 milhões de riqueza que não é criada nem distribuída. Esta crise é, por isso, também económica e financeira e não apenas de saúde pública.
Desde há longos anos temos vivido sob a ditadura do défice e da economia, e agora veio juntar-se-lhe a ditadura sanitária, imposta pelo medo, bem alimentado pela comunicação social, do Covid-19. Num mundo cada vez mais hiper-sensível, alarmado, susceptível e com laivos de histeria, onde uma tartaruga com uma palhinha no nariz é capaz de alimentar noticias durante meses e fazer mudar a nossa utilização desses objectos, ou onde uma garota com a mensagem I want you to panic é instrumentalizada e ouvida como uma sumidade universal pelas elites mundiais, enchendo jornais e noticiários com as “suas” profecias apocalípticas, é fundamental que pensemos com a clarividência possível sobre ambas as vertentes desta crise e tomemos posições conscientes, sem permitir que a influência do medo substitua a sensatez pela histeria irracional.
Os dados mostram que a pandemia está controlada, sobretudo graças ao povo português, pese embora a extrema-imprensa tentar fazer crer o contrário, talvez para alimentar as audiências, explorando condutas e casos pontuais bem menos criticáveis do que a de se juntar trezentas pessoas na Assembleia da República para festejar o 25 de Abril “deles” e cada vez menos dos portugueses. Posto isto, defendo que se retome, de uma forma gradual, a actividade económica porque defendo a vida concreta das pessoas, em todas as suas componentes, e não focada apenas na sanitária. Esperar mais quinze dias como pretende o governo, grande parte dos deputados e dos média engajados ao sistema, significa afundar cada vez mais a economia e maiores serão as consequências sociais, desastrosas, para a vida concreta e real de cada um de nós. O encerramento de empresas que fatalmente abrirão falência, o aumento significativo do desemprego, a perca de rendimentos das empresas e das famílias resultarão em maior endividamento para o Estado, frágil e ultra-endividado, e cada vez mais limitado na sua capacidade de recuperação económica.
Ninguém, mas ninguém mesmo, quer que morram pessoas por causa da pandemia, nem olha o caso com ligeireza, mas não podemos, por outro lado, chegar ao ponto de se expor mais pessoas a morrer pelas consequências da cura – fome, suicídio, crime ou qualquer outra do colapso económico – do que do vírus em si.
Envolver-se!
Comentários