Sobre o novo projecto do IP3
O novo projecto rodoviário do IP3, que ligará Coimbra a Viseu, será custeado integralmente pelos operadores privados e pelos utilizadores, através da cobrança de portagens nos diversos troços previstos. Segundo o Diário Económico, está previsto o lançamento de uma concessão a privados como as de primeira geração (como a Brisa), em que a receita se baseará exclusivamente no risco de tráfego, sem qualquer comparticipação de verbas estatais.
Com cerca de 18 mil veículos/dia e uma elevada percentagem de veículos pesados, o actual eixo do IP3 constitui um dos trajectos essenciais para o transporte de mercadorias para exportação, pelo que a introdução de portagens irá certamente gerar contestação e prejudicar o País. Entre as duas únicas vias rodoviárias alternativas ao actual IP3 em direcção à fronteira espanhola existe um vão de 140 quilómetros de distância, com a A25, a Norte, e a A23, a Sul, ambas já com portagens.
Ainda segundo o Diário Económico, para um prazo de concessão estabelecido por 30 anos o investimento global deverá atingir 399 milhões de euros (dos quais 81 milhões em investimento operacional), enquanto as receitas de portagens estimadas deverão ascender, no mesmo período, a cerca de 456 milhões de euros.
Estamos em tempo de “São Eleições”, pelo que é natural que as promessas que não sejam para cumprir e se sucedam a um ritmo alucinante, para nos alucinar.
No entanto, esta “promessa” merece-nos alguns reparos.
Primeiro a insistência deste (des)governo em entregar ao sector privado sectores essenciais da nossa economia que, devidamente geridos, podem cobrir as despesas e ajudar o País. Pelo contrário, nas mãos dos privados vão ter que dar o maior lucro possível, com eventual prejuízo para todos nós.
Segundo, a escolha do traçado, usando o único percurso directo existente, o que obriga praticamente à sua utilização, já que os recursos alternativos existentes são só para quem conhece muito bem a região e extremamente mais morosos.
Terceiro, a entrega a privados de estruturas já existentes e pagas por todos nós.
O PNR considera pois que, se o anterior governo tramou Portugal, o actual trama os portugueses. Esta proposta mascarada de boas intenções, mais não visa do que engordar as empresas onde esta gente tem interesses escondidos, ou seja, visa engordar interesses privados à custa de todos nós.
Envolver-se!
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