25 de Abril, nunca mais!
São cada vez menos as pessoas que celebram o 25 de Abril, cada vez mais os que ficam indiferentes a essa data e, sobretudo, aumentou o número de portugueses que identifica o dia com a traição, a miséria, a desigualdade, a corrupção e, claro está, com aqueles que beneficiaram com o golpe de estado.
O fosso cada vez maior entre ricos e miseráveis, a emigração forçada de portugueses que procuram lá fora o que a Pátria lhes nega e tantas outras situações revoltantes, são o espelho dos políticos e das políticas destes últimos quarenta e seis anos.
Os apelos aos cânticos da Grândola à janela, com manual de instruções, inclusive, foram o triste complemento da canhestra gestão da efeméride por Ferro Rodrigues. Apesar dos esforços da habitual manipulação de algumas televisões, tentando mostrar o contrário, a cantoria foi um indisfarçável fracasso! Mesmo nessas imagens militantes ficou patente a solidão dos que cantaram perante a imensa maioria dos que mantiveram as janelas e varandas fechadas.
Nas redes sociais multiplicam-se as denúncias das pessoas, corroboradas por amigos, que dizem não terem ouviram nada. As críticas à grosseira manipulação produzida pelas televisões e por alguns jornais, multiplicam-se nesses derradeiros faróis de liberdade de expressão que são as ditas redes sociais.
A desprezível decisão de Ferro Rodrigues em celebrar o 25 de Abrir, bem como de outros extremistas desastrados e de quantos marcaram presença na Assembleia da República, no momento em que tantos portugueses perderam a vida, tantas famílias se encontram de luto, tantos estão a perder os seus empregos e rendimentos e todos estão confinados entre quatro paredes, ficará como um marco na História – um vergonhoso marco! – que mostra a divisão que reina entre a elite governativa e os portugueses, crescendo numericamente aqueles que encontram mais pontos positivos no antigo regime do que no regime nascido a 25 de Abril. Muitos fazem parte da geração pós-25 de Abril, não vivenciaram o Estado Novo, mas são testemunha do actual. Não querem um regresso ao passado que não se pode reeditar, mas sim um urgente e necessário regresso aos seus valores. Querem ter esperança no futuro para eles, para os seus e para todos os nossos.
Esse esperançoso e desejado futuro não passa por aqueles que nos conduziram vezes sem conta a esta situação de má gestão, de corrupção generalizada, de clientelismo, nepotismo, de resgates constantes pelo FMI, do esvaziamento dos cofres do Estado. O futuro passa, isso sim, por nós, os que temos coragem para questionar e denunciar o status quo e mudar o rumo que nos foi imposto em Abril.
Envolver-se!
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