Frente Nacional francesa regressa ao parlamento
Após longo interregno, motivado pela reintrodução em 1988, do iníquo escrutínio maioritário em duas voltas, a Frente Nacional volta a marcar presença na assembleia nacional francesa, não obstante uma legislação eleitoral que lhe é francamente hostil, por ostracizar milhões de eleitores, que ficam assim excluídos de representação parlamentar.
No sistema actualmente em vigor em França (reintroduzido precisamente na altura em que o eleitorado da Frente Nacional crescia a cada eleição que passava), a passagem à segunda volta, está assegurada somente aos candidatos que ultrapassem a fasquia dos 12.5%, que no caso da FN, por sistema, são confrontados por uma autêntica «barragem» hostil, composta pelos restantes partidos do espectro parlamentar, que cerram fileiras, com o intuito de evitarem, a todo o custo, a eleição de deputados nacionalistas. É incrível como os “democratas” sabem alterar as regras do jogo quando os resultados previstos não são os que mais lhes convêm.
Com efeito, não obstante o deplorável «cordão sanitário» imposto há décadas, a eleição no último Domingo do conhecido advogado Gilbert Collard, e da jovem estreante, Marion Maréchal Le Pen, neta do líder histórico do partido, constitui, por si só, um feito notável.
No que concerne à presidente Marine Le Pen, obteve uns honrosos 49,89% face aos 50,11% do seu adversário socialista, apoiado em uníssono pela totalidade da classe política, ficando a escassos 118 votos da almejada eleição para o parlamento. A título meramente comparativo, e segundo peritos na matéria, caso vigorasse em França o modo de escrutínio britânico, maioritário em uma volta, a votação alcançada pela FN, seria suficiente para eleger cerca de quatro dezenas de deputados. Em contrapartida, com o anterior sistema proporcional, que em 1986 possibilitou a constituição de um grupo parlamentar com 35 deputados, apesar de uma votação inferior à actual, desta feita, não seria de estranhar que os deputados nacionalistas chegassem à centena.
Facto revelador da gritante injustiça, a eleição de cerca de uma trintena de parlamentares, em virtude de acordos celebrados com os socialistas, por parte da Frente de Esquerda e pelos Verdes, formações esquerdistas residuais, que lograram uma votação total muito aquém da obtida pela Frente Nacional na primeira volta. Menos votos, mais deputados… vale de tudo para tentar calar os nacionalistas.
Assim, com seis milhões e meio de eleitores em Abril deste ano, a representação parlamentar da Frente Nacional queda-se agora somente por dois deputados. De assinalar que aos 22 anos, Marion Le Pen além de «benjamim» da nova assembleia nacional, adquire em simultâneo, o estatuto da mais jovem deputada da história da França, título detido até agora curiosamente por seu avô, eleito em 1956 pela primeira vez aos 27 anos, nas listas do populista Pierre Poujade.
Envolver-se!
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