Sobre a “refundação” de Estado
A palavra refundação nunca foi tão ouvida e lida como nos tempos de correm. O sistema recorre a este termo (de significado muito vago para todos) para anunciar obras de remodelação no edifício velho e a ruir que começou a ser construído no dia 25 de Abril de 1974. Com alicerces marxistas, paredes e tecto neoliberais/Keynesianas e interiores com um pouco dos dois, onde não faltam motivos multiculturais, globalistas e fracturantes, o edifício nunca foi seguro. É de má construção e foi feito à custa de muita derrapagem.
Para as obras de remodelação apresentam-se a concurso duas construtoras: a Sociedade de Construções e Arquitectura Karl Marx e a Companhia Neoliberal de Construções. De escolas de arquitectura e construção aparentemente antagónicas, percebe-se depois de avaliado o modelo que os resultados que propõem são exactamente iguais: o objectivo não passa por uma profunda remodelação, mas sim por mais por uma pintura exterior de uma só demão, acompanhada de algumas obras no quarto do Estado Social.
De um lado, temos a escola marxista de arquitectura, que promete o Estado Social totalmente gratuito e universal, a exemplo dos Estados Sociais dos países comunistas. De má qualidade, com grandes ou intermináveis listas de espera e onde alguns, mais iguais do que os outros, são beneficiados à custa do resto da população. Do outro lado, a escola neo-liberal, que sonha com serviços mínimos, a quantidade necessária e suficiente para acalmar ânimos, onde existem os que podem recorrem aos privados e os outros (sempre os outros) que têm de sobreviver recorrendo à esmola ou à caridade. Um e outro modelo, porque assentes na falácia do igualitarismo ou no materialismo cego, acabam por ser são geradores de grandes diferenças, não servem, são conservadores e já provaram na prática que não funcionam.
O modelo de Estado Social que defendemos, porque renovador, assenta na procura de pleno emprego, para poupar nos subsídios; no trabalho social para quem está desempregado, para combater o ócio e fazer reverter em prol de todos o dinheiro despendido; em reformas justas e equitativas, para tornar sustentável este item da contabilidade nacional; num ensino estatal virado para o saber e para o aproveitamento das potencialidades dos cidadãos, com abertura ao sector privado; num serviço de saúde tendencialmente gratuito próximo das populações, onde o despesismo seja realmente combatido, com recurso a novas formas de gestão também com abertura ao sector privado e envolvimento do mesmo; por uma política de transportes que esteja realmente ao serviço das populações, convidativa para todos, capaz de diminuir o trânsito nas grandes cidades e revelando-se eficaz no que toca a grandes distancias.
Como renovadores, não cristalizamos no conservadorismo da direita ou da esquerda e queremos envolver toda a sociedade recorrendo e envolvendo os peritos e as universidades num estudo profundo, que permita um Estado Social com equilíbrio financeiro, que sirva os cidadãos e onde os mais necessitados se sintam parte do todo.
Envolver-se!
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