Crónicas de um Regime putrefacto
APONTAMENTO DO QUOTIDIANO (2ª QUINZENA DE DEZEMBRO DE 2015)
> Em jeito de balanço | Eis o saldo de 2015: miséria material e moral, despovoamento das localidades, quebra drástica da natalidade, fuga maciça de jovens qualificados para o estrangeiro, intrigas políticas, incentivo à subsídio-dependência, violência e crime, classes contra classes, saques, intromissão externa, conluio com falsos amigos, abuso do poder, disputas sociais fratricidas fomentadas do exterior, usurpação de cargos políticos, salários demasiado altos das administrações, destruição do comércio tradicional, carestia de vida, regulação em excesso, males antigos sem cura, pântano burocrático, desvarios de governantes, crises constantes, corrupção, populismos exacerbados, intermediários e especuladores, preços altos, privações materiais de toda a espécie, influência nefasta da UE, estrangeirismos, mau emprego das pessoas, desperdício dos recursos, demasiados privilégios para certas classes em detrimento de outras, escândalos frequentes, descontentamento laboral, fracos índices de educação, desinteresse pela cultura, desrespeito pelo património, assimetrias de todo o tipo, invejas e fanatismos, banca parasitária, ruinosos negócios de Estado, contratos vexatórios com multinacionais, demasiados impostos e cobradores, sindicalismo eminentemente terrorista cuja acção tem sido nefasta. Causa e efeito de tudo isto: a dívida pública ascende hoje a 220 mil milhões de euros!
> Saúde… doente! | No regime das contas falseadas, do desmazelo e da incompetência, não admira que o Tribunal de Contas continue a detectar irregularidades na administração dos recursos públicos. Desta feita, foi na Direção-Geral de Saúde. Desde logo, o descontrolo no pagamento de horas extraordinárias ao pessoal médico, possibilitando ordenados milionários que ultrapassam os 50 mil euros mensais. Na ARS de Lisboa, 295 médicos receberam um total de 46 milhões de euros num só ano! Sintoma do estado deplorável do SNS, são também os desacatos ocorridos nas urgências do Hospital de Faro motivados pela falta de assistência aos utentes. Os casos de negligência sucedem-se a um ritmo vertiginoso. Registamos ainda inúmeros casos de esperas de mais de 30 horas nas Urgências, alguns deles terminando em mortes. Um pouco por todo o país, são cada vez mais os casos de pessoas que ficam sem tratamento adequado.
> Banca | Alertámos, há meses, para a situação difícil em que se encontrava o Banif. Ainda por resolver a situação dos lesados do BES, contabilizamos agora, no Banif, 2500 lesados, num montante que ascende a um total de 530 milhões de euros investidos. Este banco, em estado de falência, foi entretanto adquirido pelo Santander, naturalmente, por uma ninharia, depois de ter recebido do Estado, 1,3 mil milhões de euros. Tratou-se de uma jogada nebulosa com contornos de golpada, em que a TVI terá participado ao lançar o pânico para os preços das acções caírem, beneficiando interesses a que o partido socialista espanhol (e, sabe-se lá, o PS português) está ligado. A curto prazo, foi já feito o anúncio de 600 despedimentos. Que banco se segue: Montepio, BCP? Quando se perde o controlo, instala-se o caos. Depois do abandono, vem a ruína. Foi assim com a agricultura, com as pescas, com a indústria. É a vez do sistema bancário revelar toda a sua fragilidade.
> Tempo novo? | Na sua mensagem de Natal, António Costa falou de um “tempo novo”. Apesar desse tempo novo e dos “amanhãs que cantam”, os trabalhadores da Petrogal tiveram de suspender a greve para que o país simplesmente não parasse por falta de combustível, afirmando que este Governo continua a defender os interesses dos grandes grupos económicos. O sector da suinicultura e dos lacticínios – duas economias de escala – por seu turno, atravessam a pior crise de sempre, estando em risco milhares de postos de trabalho. Damos conta também da situação lastimável a que chegou uma empresa charneira do sector da construção civil, a Soares da Costa, com despedimentos em curso e salários em atraso. Aliás, todo o sector atravessa um momento muito difícil, passada que está a ilusão angolana. Tudo isto contraria o discurso do Primeiro-Ministro e este processo de destruição remonta ao tempo dos governos socialistas do passado. Aliás, a economia portuguesa e as finanças do Estado só não ruíram ainda e entraram em situação de bancarrota, porque o preço do petróleo e os juros dos empréstimos caíram para níveis históricos. Não há por isso qualquer mérito destes e de anteriores governantes. Entretanto, o Orçamento rectificativo do novo Governo foi aprovado, pasme-se, com a abstenção do PSD. Tem razão o Povo: de facto, estes partidos, despojados do folclore, são todos iguais e nada os distingue, a não ser as diferentes clientelas.
> Ainda o Costa… | António Costa veio dizer ainda que a Tróica perdeu demasiado tempo a olhar para as Juntas de Freguesia, querendo fazer esquecer a trapalhada que foi a agremiação de Juntas em Lisboa, pela qual foi responsável. Como quer dinamizar a economia, quando existem 5 mil lojas de comércio a retalho chinesas, restaurantes são cerca de 350, na logística, estão contabilizados um total de 600 armazéns de revenda e no imobiliário, a grande maioria da reabilitação urbana nas zonas nobres de Lisboa, diz respeito a propriedades de chineses que estão dispensados de pagar impostos?
> Irrevogável… qual é a próxima jogada? | Ao fim de dezasseis anos, Paulo Portas anunciou o abandono da liderança do CDS-PP. Durante esse período, foi Ministro da Defesa, dos Negócios Estrangeiros e, por último, vice-Primeiro-Ministro. De facto, é estranho que o dirigente faccioso de um partido exclusivista tenha ascendido aos mais altos cargos de Estado, mas sabemos já o tipo de contradições que o regime possibilita. Analisamos o seu legado: nomeações partidárias de elementos incompetentes para as direções da administração local e central, negócios ruinosos que resultaram na perda de centenas de milhões de euros do erário público. A lista de malfeitorias é infame, e inclui a alienação da Sorefame/Bombardier, das OGMA, contratos obscuros como a aquisição dos Pandur e dos submarinos, atentados ecológicos como o caso Portucale… Deixa por isso um rasto de ruína, também na agricultura e pescas, depois de se ter arrogado defensor destas atividades. Cada vez fica mais claro: os verdadeiros democratas-cristãos e patriotas têm uma opção válida, que é voltarem-se para o Nacionalismo (representado pelo PNR), o qual corresponde a muitos dos seus anseios e garante que não continuem a ser defraudados nas suas legítimas expectativas.
> Sinais de alarme | Em 2015 bateram-se também todos os recordes no consumo de álcool e antidepressivos. O número de penhoras atinge uma cifra bem reveladora do estado de indigência em que estão muitas famílias e empresas. O sistema fiscal é persecutório e desumano, havendo casos de famílias em que é penhorada a secretária onde os filhos estudam, outras perdem a casa onde investiram as poupanças de uma vida, por dívidas de 300€ de IMI. Quem beneficia com a desgraça alheia: para já, os administradores de insolvências e leiloeiras. Nos últimos cinco anos, o número de empresas e pessoas em situação de falência aumentou 200%. Enquanto isso, a Segurança Social perdeu 150 milhões de euros com ações da PT, que já nem é portuguesa, e a CP chegou a tal ponto que planeia alugar comboios à Renfe, empresa espanhola. Ainda em matéria de desperdício dos recursos nacionais, foram pagos 120 milhões de euros à NATO Helicopter Industries por helicópteros que nunca chegarão a ser entregues.
> Por fim… | Damos nota igualmente da invasão de uma esquadra da PSP por um grupo de meliantes pertencentes a um gangue étnico da zona da Amadora. Aumenta a violência nas escolas, nas ruas, nas estradas, nas repartições públicas. O sentimento de impunidade aumenta também. A crise não pode ser desculpa para tudo. A sinistralidade rodoviária e laboral não pára de aumentar. No final de cada ano, resta um cenário traumático de vidas perdidas e famílias destroçadas. Por outro lado, nunca houve tanto fado nem futebol neste país. Quanto à censura, porque é dissimulada, é cada vez mais cínica. Temos três canais de televisão, todos a debitar a mesma informação estupidificante. No Parlamento, todos os partidos votaram esta semana a favor da criminalização do piropo, como se não houvesse assuntos mais importantes sobre os quais legislar. Foi também mais um ano de excessos nas praxes académicas, que em muitos casos já não se tornam apenas ridículas, mas sobretudo agressivas. Há também algo que esta escória política conseguiu alcançar e com enorme sucesso: dividir artificialmente os portugueses. A finalizar, em São Paulo, Brasil, ardeu o Museu da Língua Portuguesa. Isto tem um elevado valor simbólico e não deixa de ser um indício perturbador.