Sobre a insustentável situação no Mediterrâneo
O mundo civilizado está horrorizado com o drama dos imigrantes e refugiados do Médio Oriente e de África que tentam chegar de todas as formas ao sul da Europa. O êxodo dos que fogem à guerra e à fome não é novo, mas ganhou contornos de tragédia há cerca de um ano e meio, por culpa da forma sub-humana usada nos trajectos e pelo número de vidas ceifadas.
A UE, apesar da tão propagandeada ajuda entre membros, tem virado às costas ao problema, deixando a preocupação para os países do sul, mais concretamente para a Itália, a principal visada.
Em primeiro lugar, importa esclarecer que é preciso abordar esta questão de frente, sem os espartilhos do politicamente correcto e sem os tiques marxistas do multiculturalismo suicida e gerador de bombas-relógio nas sociedades onde é imposto (muito úteis para os partidos de esquerda, que sempre prosperam onde existem problemas sociais).
Uma vez que estamos perante uma tragédia humanitária, dado que muita desta gente foge de conflitos, a Europa (como em qualquer situação de guerra) pode e deve socorrer os que chegam às suas costas, alimentá-los temporariamente, tratá-los e depois tomar medidas no sentido de devolvê-los aos seus países de origem. Ou seja, a situação deve ser encarada como auxílio a refugiados e nunca servir para a abertura de portas à imigração descontrolada. A braços com uma taxa de desemprego que ronda, em média, os 10%, e com os sistemas de segurança social no vermelho, nada mais pode ser feito em termos de ajuda por parte dos países europeus.
Importa também reforçar os efectivos navais na zona de Mediterrâneo, como forma de intervir e não permitir que os barcos carregados com estas pessoas saiam sequer das águas territoriais dos países de proveniência. Há que ter em conta que, uma vez implementada esta medida, os traficantes de pessoas já não terão “clientela” para transportar. Nalguns desses países (onde for possível), há que celebrar acordos com os governos locais para a criação de “zonas-tampão” junto à costa, onde os refugiados possam ficar a receber assistência, mas sem possibilidade de embarcar. Paralelamente, deve ser urgentemente adoptada legislação que puna de facto e exemplarmente o tráfico de seres humanos e a participação em esquemas de imigração ilegal. Tratando-se de uma questão muito complexa e com várias causas e matizes, não existe uma solução única para a mesma, mas sim várias soluções diferentes que deverão ser aplicadas em conjunto e de acordo com cada caso.
Por fim, é urgente equacionar toda a politica ocidental no que respeita ao continente africano e ao Médio Oriente. Neste particular, o PNR e os nacionalistas europeus de um modo geral apontam o seu dedo acusador às “Primaveras” árabes, a certas formas de “ajuda” internacional, ao neo-colonialismo e ao lóbi negreiro da imigração – sempre útil para a esquerda (pois gera conflitos sociais) e para a direita (uma vez que origina mão-de-obra barata), mas nada útil para os povos europeus. Como nacionalistas, somos contra a ingerência nos destinos de nações independentes, contra a tentativa forçada de mudar a sua cultura e identidade, contra o saque das suas riquezas e contra a “democracia” imposta sob a forma de bombas. Ora, acontece que toda a violência que hoje grassa em África e no Médio Oriente tem como principais culpados as politicas desastrosas dos EUA e dos seus aliados, a cobiça pelas matérias primas por parte do grande capital e os terroristas das indústrias de armamento e farmacêutica. A sede de pilhagem é tão grande que foram depostos governos que, embora criticáveis nalguns pontos, mostravam alguma tolerância para com o Ocidente e garantiam a paz e a estabilidade nos seus países. Agora, o poder em grande parte dos territórios em questão caiu nas mãos de fundamentalistas islâmicos e os banhos de sangue sucedem-se. Há pois que tratar as vítimas como refugiados, reforçar fortemente os dispositivos navais europeus no Mediterrâneo e arrasar os focos de instabilidade por todas as vias possíveis, inclusivamente a das armas. Lamentavelmente, a guerra foi sem dúvida aquilo que os EUA e a sua forte indústria de armamento pretenderam ao criarem as já referidas “Primaveras” no Norte de África e no Médio Oriente, mas não parece restar agora aos europeus outra solução que não passe também pelo recurso às armas para acabar urgentemente com este problema, que, repetimos, sabemos ser deveras complexo e necessitar de vários tipos de abordagem para ser solucionado. Isto sem prejuízo de, de uma vez por todas, a Europa tomar consciência de que os governos dos EUA apenas servem os seus interesses e que não estão minimamente preocupados com o mal que a defesa desses interesses possa fazer aos europeus. Se provas faltassem, o resultado das “Primaveras” árabes está à vista de todos.
É ainda de referir que, no caso concreto de África, é evidente que esta teria capacidade para se governar sozinha uma vez liberta do jugo da “ajuda” ocidental (e, mais recentemente, chinesa), que apenas gera cleptocracias locais e não incentiva ao desenvolvimento, o que faz com que muita gente decida tentar a sorte na Europa. Alguns intelectuais africanos alertam para este facto, e também nós não duvidamos dessa capacidade, capaz de evitar as migrações e trazer a paz e prosperidade de que esse continente necessita.
Envolver-se!
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