Incluído no pacote das medidas de austeridade, o Governo pretende eliminar ou mover feriados e abolir “pontes”. Quanto à abolição destas últimas, trata-se de uma medida que merece todo o nosso apoio e aprovação, já no que toca aos feriados, não!

Alegam que o país perde 40 milhões de euros por cada um desses dias de não produção, fundamentando assim a peregrina ideia na actual mentalidade economicista que explica o mundo apenas com números. Mas as acções e condutas dos homens pautam-se por simbolismos e matrizes culturais, sendo que, a interferência arbitrária sobre tais matérias, além de artificial, destrói o sentido e a natureza dos actos e celebrações das comunidades.

Não é com as alterações que o sistema nos quer impor que Portugal irá minorar os efeitos da crise. O problema reside mais no despesismo do Estado, no estilo de vida faustoso dos governantes e nos inúmeros parasitas da sociedade que vivem de subsídios, questões estas que nenhum dos partidos do sistema estará disposto a combater.

Outra questão é saber qual o critério que leva a defender que alguns feriados continuem a celebrar-se no próprio dia e outros não, ou qual o critério que leva a eliminar alguns feriados, poupando outros.

Se a gentinha do sistema quer acabar com feriados para acudir à produtividade, podem bem começar pelo do “25 de Abril” já que evoca aquela que é, afinal, a grande causa do buraco em que nos encontramos. Portanto, coragem, senhores governantes: a economia está à vossa espera!