O caso BANIF
Na semana passada, o país ficou a saber que o BANIF seguia o mesmo caminho que o BPN e o BES. Nada de novo e nada a que já não estejamos habituados. Afinal, a banca portuguesa, por mais que os nossos governantes queiram esconder, entrou numa espiral de falências e de fragilidade alarmante.
Mais uma vez serão os contribuintes a pagar o grosso da factura, pois a venda dos activos saudáveis do BANIF ao SANTANDER, não evita que o Estado tenha que desembolsar mais 2.255 milhões de euros para assumir os activos tóxicos do banco. A maior fatia virá do Orçamento de Estado, que disponibilizará 1.766 milhões e o Fundo de Resolução vai “ajudar” com 489 milhões.
O cenário “mais pintura, menos pintura”, “mais adereço, menos adereço” é em tudo igual aos anteriores teatrinhos das falências bancárias. Não lhes falta mesmo aquele episódio do Inquérito Parlamentar, em que os deputados e as testemunhas convivem alegremente num talk show, na “Quinta das Celebridades” da bandalheira nacional e da mais completa impunidade.
Também e para completar a saga, já estamos a assistir à troca de galhardetes e ao sacudir a água-do-capote.
No caso BES, o PNR apontou o dedo à complacência e cumplicidade de quem nos desgoverna e à completa falta de competência do Banco de Portugal.
O anterior governo escondeu o problema com fins eleitoralistas. O Banco de Portugal, como sempre, andou a dormir ou recebeu ordens para fazer uma “sesta” e o actual governo deu sinal que ia resolver o problema, mas copiou quase na íntegra a solução do anterior.
O resultado final atinge a cifra dos 700 milhões de euros, pagos por todos nós e, claro, a mais completa impunidade para os culpados e sobretudo o não aprender com os erros de forma a evitar situações idênticas. Quem paga é o contribuinte e vamos ver os partidos do sistema a tentar tirar dividendos da situação.
O problema estava identificado desde Março de 2014. Tudo leva a crer que para encobrir o imbróglio, mantiveram em funções o Governador do Banco de Portugal e a Administração do banco, a quem continuaram a pagar ordenados chorudos.
No entanto, clonaram uma solução apressada, quando, com um pouco de dignidade, honra e profissionalismo o problema já deveria estar resolvido.
Qual será o próximo banco a cair? Quando é que o Banco de Portugal começa a intervir atempadamente? Quando é que os responsáveis são identificados, julgados e punidos? Quer-nos parecer que no dia de «São Nunca à Tarde», como é costume neste sistema que se vai desmoronando a pouco e pouco.
A solução passa, em primeiro lugar, por demitir toda a Administração do BP, pela criação de carreiras no Banco de Portugal que evite as nomeações políticas, pela criação de leis que penalizem os culpados e pela criação de normas apertadas para a fiscalização dos bancos.
Por fim, não deixa de ser curioso que tenha sido a TVI a lançar o pânico, na semana passada, sobre o hipotético encerramento do BANIF, quando esta estação é propriedade do grupo espanhol PRISA (na qual o PSOE tem uma posição maioritária) e que tem como accionista de referência o Banco Santander, o mesmo que agora adquiriu, pelo habitual preço de saldo, a posição do Estado no referido Banco.
Envolver-se!
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